História do Brasil e das Américas: A fantasia de exploração e colonização

Antes

Pretendo dar início a uma série sobre a História do Brasil e da América Latina, começarei do início, porém, rola algumas explicações fantasiosas sobre as diferenças existentes entre as diversas Américas (portuguesa, espanhola e inglesa). Muitas pessoas já devem ter se perguntado, porque os Estados Unidos são tão ricos e nós, do Brasil, tão pobres?

Nos EUA tem uma explicação fantasiosa a esse respeito, a explicação seria o “destino manifesto” (originalmente foi o que os historiadores romanos usaram para explicar o fato de Roma ter se tornado a senhora do Mediterrâneo). Já nas terras tupiniquins, a explicação foi outra, mas igualmente fantasiosa, onde explica que o Brasil é assim porque fomos uma colônia de exploração enquanto que os EUA foram uma colônia de povoamento.

Esta é umas das pouquíssimas coisas que realmente me deixa irritado quando se falam de história.
Os defensores desta ideia obscena dizem que as colônias ibéricas (espanhola e portuguesa) seriam de exploração, para eles, os europeus vieram aqui somente para enriquecer o mais rápido possível e depois retornavam para o Velho Continente. Alguns chegam a afirmar que para cá só veio ladrões e degredados. Dizem que estes corruptos ambiciosos criariam um Estado igualmente ambicioso e corrupto. O historiador Leandro Karnal fala sobre isso no inicio de seu livro, citando um intelectual do século XX:

“O escritor Manoel Bonfim consagrou, no início do século XX, a metáfora desse Estado: a coroa ibérica seria idêntica a um certo molusco que só possuía sistema para entrada e saída de alimentos. Estado sem cérebro, sem método, sem planejamento: apenas com aparelho digestivo-excretor – essa era a imagem consagrada do português que nos pariu.” – KARNAL, Leandro (org) História dos Estados Unidos, Editora Contexto, 2007

O oposto seria as colônias de colonização, onde as pessoas enviadas para lá iam para morar definitivamente, por este motivo, eles cuidavam melhor das terras que os ambiciosos portugueses e espanhóis, aquelas pessoas constituíam famílias, tinham uma base religiosa forte, alto nível intelectual, etc. Basicamente, as colônias de exploração teriam as piores pessoas enviadas para elas, enquanto as de povoamento teriam o melhor da sociedade.

De acordo com essa explicação eles tiveram o melhor da Europa (Inglaterra), nós o pior (Espanha e Portugal). Uma receita perfeita, adoramos dualidades, Deus e Diabo, Vasco e Flamengo, rico e pobre, Proletário e Burguês, entre tantos outros. Essa explicação simplista, errônea e “racista” (pois os ingleses seriam uma “raça” superior) predominou principalmente no Brasil, sendo ensinada largamente nos livros didáticos. Estas explicações não levam em consideração os indivíduos como sujeitos históricos, usam a vontade divina e estruturas fixas para explicar e atribuir ao passado a culpa de nossos problemas atuais. Felizmente isso já foi revisado e novas explicações foram apresentadas.

Depois

Existem muitíssimas explicações sobre as diferenças entre as Américas, é realmente um assunto complexo e com milhares de livros a esse respeito, no momento vou citar algumas das diferenças que influenciaram o desenvolvimento das colônias até se tornarem o que são hoje, as diferenças culturais e geográficas seriam fundamentais para explicar as diferenças entre cada uma das colônias.

Geografia: os Estados Unidos tem vastas planícies que facilitavam o trabalho dos colonizadores, no Brasil, a Serra do Mar e os rios encachoeirados dificultariam a ação colonizadora. Mas isto é só o início.
Cultural e institucional: a diferença entre Catolicismo e Protestantismo seriam fundamental para os rumos de cada uma das colônias. Alguns autores afirmam que escolhas políticas também foram fundamentais no desenvolvimento de cada uma delas até se tornar o que é hoje... prefiro não opinar.
Além destas diferenças, podemos citar também: Os modos de produção econômica em cada umas (exploração de prata, cana de açúcar, agricultura, ouro, entre outras), as interação entre europeus e “índios” e os povos escravizados trazidos da África, outras coisas.

Contrariando o que diz Manuel Bonfim, somente nas áreas de colônias portuguesas e espanholas que realmente ocorreu um projeto colonial. Só nelas houve preocupação constante e sistemática quanto às questões da América.

“No século XVII, quando a América espanhola já apresentava universidade, bispados, produções literárias e artísticas de várias gerações, a costa inglesa da América do Norte era um amontoado de pequenas aldeias atacadas por índios e rondadas pela fome.”

Veremos em outras postagens quem foi que os espanhóis e portugueses enviaram para as Américas, quais as motivações e os objetivos, além de outras diferenças entre cada uma delas. Não é com uma explicação simplista como “exploração e colonização” que vamos conseguir explicar as diferenças entre cada as Américas, se é que conseguiremos fazer isso um dia.
Por enquanto é isso, obrigado pela leitura!
Até a próxima!

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