Um conto espacial (Parte 1)

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-PARTE 1-

21 de Janeiro de 2041
Estação Espacial Internacional

Está a bordo uma tripulação de 7 astronautas: Richard Kelly, americano; Kenna Wallace, escocesa; Bogdan Yahontov, russo; Daniel Parreira, português; Wang Ying Yue, chinesa; Arwa Amari, saudita e Idrissa Diallo, senegalês.

Os três primeiros repetem a missão. Estiveram na EEI durante seis meses e ficaram para mais seis assegurando a continuidade dos trabalhos e a correcta integração dos colegas estreantes.
As experiências a bordo centram-se sobretudo em aspectos da biologia humana. Engenharia genética e longevidade celular são os tópicos quentes do momento e os quais têm apresentado resultados nos últimos anos.
O trabalho de Arwa Amari, a distinta cientista saudita, é a única excepção. As suas descobertas em mecânica de fluidos levaram-na até à EEI, onde encontra condições únicas para levar a sua investigação a novos patamares. Ela faz parte da brilhante geração de físicos sauditas responsáveis pela maioria das descobertas relevantes do campo da Física nos últimos anos. É também a mais jovem a bordo, com apenas 32 anos.

A missão começou há quase dois meses. Os estreantes estão entusiasmados e excitados pela oportunidade. Os repetentes partilham do entusiasmo mas as saudades da família começam a pesar.
Richard Kelly é um experiente astronauta com várias missões concluídas e muito tempo passado fora de casa. Esta será a sua última missão e espera depois continuar a contribuir para o avanço da ciência mas a partir da Terra. É grato pela vida privilegiada que tem mas sente a falta das pequenas coisas do dia-a-dia nos seus Estados Unidos da América do Norte (EUAN): baseball, basquetebol, caça fotográfica (o novo desporto verde da moda), donuts e uma tarde passada com os amigos a beber caipirinhas, a bebida trazida do Brasil, o estado mais rico e influente dos Estados Unidos da América do Sul.

Kenna Wallace tem saudades de casa mas estaria disposta a ficar para uma terceira missão. O seu trabalho não ficará concluído no prazo desta missão e ela gostaria de ficar para o terminar em vez de passar o testemunho. Não tem a certeza de que a família reaja favoravelmente a tal cenário mas não vai expôr o seu marido e dois filhos a tal hipótese antes de saber se tal será possível. Tenciona, portanto, consultar a Agência Espacial Escocesa e apresentar-lhes essa proposta. A Agência, fundada pouco tempo após a Escócia abandonar o Reino Unido em consequência do Brexit, tem tido um papel de destaque no panorama da exploração espacial, contribuindo para várias missões com equipamento e pessoal.

O último dos repetentes, o russo Bogdan Yahontov já tinha estado a bordo anteriormente e regressou passados 2 anos. Mas nem por isso esteve muito tempo na Terra porque nesse período completou 5 missões. Desde o momento em que a reutilização de foguetes se tornou normal e o custo das viagens baixou consideravelmente, surgiu o conceito de missões de curto prazo. Duram geralmente entre 1 e 3 semanas e decorrem em órbita ou na base lunar. Este modo de vida de astronauta a tempo inteiro, apenas com breves períodos de descanso entre missões, é normal na Rússia desde a tomada de posse da presidente Mariya Putina que entende a exploração espacial como uma prioridade para o sucesso do país.


(image: pixabay.com)

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