Pensadores - Jung C. G.

Boa noite pessoal !!

Hoje vou dar continuidade ao quadro Pensadores, trazendo grandes mentes que trabalharam a psique humana ao longo da história, até o presente momento.

Venho trazendo empiricamente, de acordo com minhas referências de estudo, e lembro que não há preferências, todos são importantes para a composição do conhecimento do funcionamento psíquico. O conhecimento é instrumento, saber utilizá-los de acordo com que você almeja em prol do benefício humano, é o que nos faz evoluir como humanidade.

Primeiro falamos de Sócrates, e a importância do pensamento filosófico no autoconhecimento, na cultura ocidental e na base do conhecimento do nosso funcionamento psíquico.

Depois falamos de S. Freud, e sua importância da fundamentação e elaboração da teoria psicanalítica. Trazendo uma nova forma de entender o comportamento humano, através da linguagem. E como o humano não é meramente resultado da genética ou do meio, e sim das castrações ou não, dos instintos sexuais, isto significa que é uma construção desde o seu nascimento, junto a genética e ao meio que está inserido.

Jung02.jpg)
Acervo Pessoal - Foto retirada no Museu de Imagens do Inconsciente I.M. Nise da Silveira - RJ

Hoje iremos falar de C. J. Jung ( 1875 - 1961), e sua importância no campo do conhecimento mental, com a fundação da psicologia analítica.

Jung, como é chamado e conhecido, era psiquiatra suíço, foi discípulo e amigo de Freud até romperem, importante colaborador da teoria psicanalítica, com inúmeras obras, dentre artigos, comentários, cartas, ainda a serem traduzidas até hoje. O junguismo, movimento baseado no conhecimento elaborado por Jung, serviu e serve de base de muitas escolas pelo mundo, inclusive aqui no Brasil.

Começou seus estudos em medicina em 1895, na Basiléia. Em 1900, seguindo o caminho da psiquiatria, iniciou como assistente de Eugen Bleuler, em 1903, acompanhava os cursos de Pierre Janet, e iniciou um dos mais importantes relacionamentos da história da psicanalise em 1906, quando enviou a Freud em cartas, seus estudos intitulados Diagnostisch Assoziationsstudien (Estudos Diagnósticos de Associação).

Marco aqui a importância da troca de conhecimentos, entre grandes pensadores, na mesma época, e que até hoje são nossas referências, e como isso foi importante, para o conhecimento que temos disponível hoje.

Casou –se com Emma Rauschenbach, que era sua paciente e teve 5 filhos, Agathe, Anna, Franz, Marianne, Emma.

Seu relacionamento com Freud, data-se no início de 1906, após a carta supracitada. Tiveram seu primeiro encontro em 1907, com uma conversa que durou segundo relatos, quase 13 horas, dando início a amizade que durou aproximadamente 7 anos, período ao qual trocaram muitas informações sobre suas teorias, mudando os rumos da psicanálise.

De sua importância histórica, esse relacionamento é recontado de diversas maneiras, e seu termino é tão marcante como seu início, onde o que mais concreto podemos ressaltar, são suas divergências teóricas, onde Jung não concordava com a base a base teórica de Freud que era baseado no instinto sexual, com traumas, serem as causas dos conflitos psíquicos, enquanto Freud não admitia que Jung, usasse a espiritualidade, o místico, como base de seus estudos. "Complexo de Deus", dizia Freud.

Com isso, Jung, foi se separando gradualmente da escola freudiana, o movimento junguismo foi criando sua própria identidade, se afastando terminantemente com a teoria dos arquétipos e o inconsciente coletivo, e foi chamado Psicologia Analítica a corrente de pensamento que se baseava no método elaborado por Jung.

E assim, Jung, foi viajando, trabalhando suas teorias, conhecendo outros intelectuais e outras culturas, até que em 1933, aceitou substituir Ernst Kretschmer, como chefe na escola da Sociedade Alemã de Psicoterapia.

Nessa época, o nazismo acendeu ao poder, e Jung justificou que se manteria no cargo, e manteria sua neutralidade em relação à política, porém após lançar em janeiro de 1934, o texto "A situação presente da psicoterapia", onde distinguiu o inconsciente coletivo Judeu, do inconsciente Ariano, nesse texto trouxe, nessa distinção, dentre seus argumentos, um exemplo para ilustrar, que o povo Judeu era incapaz de criar uma cultura própria, por ser um povo nômade. O que gerou muitas críticas da comunidade cientifica, e como sempre muitas valorações acerca de seus valores, até da participação na política nazista, já que seu texto foi utilizado pelo regime nazista.

Jung sempre defendeu sua neutralidade, aqui com suas próprias palavras deixa bem claro:

“Deveria eu? Na atitude de neutro prudente, retirar-me para a segurança do lado de cá da fronteira e lavar as mãos em inocência, ou deveria, segundo estava bem consciente, arriscar minha pele e expor-me a inevitáveis mal-entendidos, aos quais não poderia escapar todo aquele que, por força de premente necessidade, tivesse de entrar em contato com os poderes políticos existentes na Alemanha"? Jung

De qualquer forma, vemos aqui, que o conhecimento pode ser usado de diversas maneiras, e acerca da polêmica, fica claro que suas hipóteses doutrinarias sobre uma tipologia psicológica, acabam de certa forma caindo no viés racista e antissemitas, mesmo que não fosse seu objetivo.

Polêmicas à parte, Jung afastou-se da chefia da escola alemã em 1939, e com a iminência da segunda guerra mundial, e fechamento das fronteiras, depois de ceder a pedidos da comunidade internacional para manter-se no cargo, retirou-se, e continuou incansável em seus estudos e publicações.

Outro fato curioso foi a vinda ao Brasil em 1957, em um relacionamento com a médica brasileira Nise da Silveira, brilhante médica que fez parte da importante mudança dos paradigmas da psiquiatria brasileira e, que através de cartas, enviou a Jung, imagens de mandalas, solicitando ajuda com a interpretação simbólica das mesmas, e que foi respondido por Jung, onde chegou a vir ao Brasil e conhecer o Museu de Imagens do Inconsciente, localizado hoje no Instituto Municipal Nise da Silveira, no bairro do engenho de dentro na cidade do Rio de Janeiro.

IMG_0011.JPG

Acervo Pessoal - Museu de Imagens do Inconsciente - I. M. Nise da Silveira, RJ

Assim para finalizar, esse resumo que sempre será aquém do que realmente foi esse grande pensador, não se pode questionar sua contribuição em muitas áreas, inclusive na psicanálise, seu trabalho com a espiritualidade, com os sonhos, o confronto do consciente com inconsciente, símbolos, sua tipologia, a psique objetiva, sicronicidade, os arquétipos, o inconsciente coletivo, são teorias incríveis, que só nos mostram como seu trabalho é de alguém a frente de seu tempo.

Jung morreu e m sua casa, aos 85 anos, deixando esse legado para nós, sua espiritualidade, humanismo e seu trabalho, que tem sido influente na psiquiatria, psicologia, ciência da religião, literatura, e a todos que tiverem a curiosidade de conhecer.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana” C. G. Jung
untitled.png

Referências Bibliográficas:

  • Dicionário de Psicanálise: Elisabeth Roudinesco e Michel Plon - Ed: Jorge Zahar Editor - Brasil.
  • Jung: Obra e Vida - Nise da Silveira , José Alvaro, 1968.
  • C. G. Jung - Obra completa - Editora vozes.

Outros textos: Entrando no funcionamento psíquico:
Linguagem
Psicopatologia
Psicanálise

Upvote, Reestem ou Follow!

Matheus Guimarães.jpg

H2
H3
H4
3 columns
2 columns
1 column
Join the conversation now