Alguns conhecem sobre a Idade Média. Outros nem tanto. A maioria considera a superstição uma característica fortemente pagã. Mal sabem eles que Hildegarda costumava ter sua visões e através dela aconselhou os mais importantes homens de sua época. Desde Imperador do Sacro império, Papas até padres da região de Bigen, hoje parte da Alemanha. Chegou a ser conhecida por "Sibila do Reno". Apresento a vocês, #SenhoraDoMedievo a mais nova tag sobre as Mulheres da Idade Média!

Um breve "parentes" aqui: Sibila de Cumas foi uma personagem mitológica grega. Era filha de uma ninfa com um mortal e se tornou sacerdotiza de Apollo. Tinha o dom de visões proféticas desde seu nascimento e fazia suas previsões em versos. Seu nome tem múltiplas aparições em escritos desde a antiguidade até a modernidade, tendo forte presença na Idade Média.

Do alemão Hildegard von Bingen, no latim Hildegardis Bingensis ou no português Hildegarda de Bingen (1098-1179). Viveu o florescer do século XII, um dos momentos de crescimento demográfico com uma mudança climática favorável ao plantio em quase toda a Europa medieval. Contudo, ainda criança, antes disso tudo acontecer, Hildegard foi enviada pelos pais aristocratas a consagração de Deus junto a Ordem Monástica de Disibodenburg, onde passou 7 anos trancada em um quarto. Junto dela, estava a ermitã Jutta, quem ensino a pequena Hildegard a ler e escrever latim e música.

A resposta é não. Durante a Alta Idade Méida era comum as meninas receberem alfabetização em monasteiros ou conventos. Algumas famílias de aristocratas, inclusive, enviavam suas filhas para esses retiros, junto com uma doação à ordem religiosas, para assegurar boa educação a sua prole. Como foi o caso de Heloísa de Argenteuil (1090-1164), quem abordarei em um outro post futuro.

À Hildegard foram atribuída diversas funções, escritora, compositora musical, teatróloga, curandeira, botânica e administradora. Em meados dos seus 40 anos, ela começou a ter suas visões, o que veio a transformar completamente sua vida. Em um de seus escritos ela diz:

(...) quando eu tinha 42 anos e sete meses, uma luz imenso brilho veio do céu que tinha se aberto e permeou todo o meu cérebro, todo o meu coração e todo o meu peito (...) de repente eu conheci o sentido do que estava exposto nas Escrituras, tal como o Saltério, os Evangélios e outros volumes católicos tanto do Velho quanto do Novo Testamento, ainda que eu não possuísse a interpretação das palavras nos seus textos, ou a divisão das sílabas, ou o conhecimento dos casos e das conjugações. (PIERONI, 2007, p.45-46)

Em seus manuscritos há uma riquíssima variedade de iluminuras, entre elas as mandalas acima. Seus estudos se materializaram em manuscritos, principalmente sobre tratamentos de cura, uso de plantas, pedras, amuletos e encantamentos. Suas práticas compreendem uma série de atuações na área medicinal, mas também relacionada a música, teatro e doutrina cristã.

Um destaque que trago hoje se concentra em uma de suas obras, onde catalogou 485 ervas e plantas. Que pode ser encontrado no livro Hildegard’s Healing Plants: from the medieval classic Physica Traduzido para o inglês por Bruce W. Hozeski e publicado pela editora Beacon Press, em Boston nos EUA. A tradução livre deste título seria algo como: "Plantas curativas de Hildegard: do clássico medieval Physica.

Não estou aqui para fazer uma exaustiva análise sobre as fontes que listei acima. Deixarei isso para o meu doutorado, que por todas as Deusas, começarei no ano que vem.

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Referências:
PIERONI, Geraldo. Entre Deus e o diabo: santidade reconhecida, santidade negada na Idade Média e Inquisição portuguesa.) Rio de Janeiro: Bertrand, 2007. p.45-46