#DICIONÁRIO DA MÚSICA BRASILEIRA# Mário de Andrade (1893

Hoje realizo minha primeira contribuição para o projeto de iniciativa do @thomashblum, o Dicionário da Música Brasileira, com um dos personagens que mais admiro como poeta, escritor, pesquisador, professor, agitador cultural e músico. Mário de Andrade!

No documentário "Piano e Ganzá - O Mundo Musical de Mario de Andrade", José Miguel Wisnik define Mário não apenas como um estudioso e um programador da cultura atento para a música, e sim um músico escondido no escritor. Ele teve um irmão mais novo que era pianista, Mário também tocava e queria ser músico, após a morte precoce de seu irmão abandonou esta possibilidade, inclusive adquiriu um tremor na mão que o acompanhou por toda a vida. Ainda para Wisnik, Mario inicia sua trajetória literária com a despedida deste sonho.

Na música, autor de “Macunaima” defendia a pesquisa do folclore como a principal fonte temática, e técnica do compositor preocupado com a criação de uma música nacionalista e brasileira durante as décadas de 1920 e 30.

Em 1922, tornou-se professor de história da música e de estética musical do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Dois anos depois, assumiu também a disciplina de piano. Em 1922 publicou Paulicéia desvairada e organizou, no Theatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna, evento cultural que marcou o início do modernismo no Brasil e que apresentou novas ideias e conceitos para a arte brasileira.

Mário de Andrade foi o primeiro grande crítico de música brasileiro. Colaborou em diversos jornais como o Diário Nacional de São Paulo (com colaboração entre 1927 e 1932), Diários Associados, O Estado de São Paulo, Diário de Notícias, Correio da Manhã, e na seção “Mundo Musical” que assinou no jornal Folha da Manhã, de 1943 até a sua morte súbita em 1945. Colaborou ainda para as revistas Ilustração Brasileira e Revista Nova. Parte desse material está compilada no livro Música, Doce Música (1933) com suas resenhas publicadas.

Segundo Manuel Bandeira (1960, p. 280), a influência de Mário de Andrade foi enorme e decisiva em todos os setores do pensamento. “Seus conselhos e críticas foram uma verdadeira bússola para os novos músicos”.

Como diretor do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo a partir de 1935, fundou o “Quarteto Haydn”, atual Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, e em 1936, o “Coral Paulistano” que hoje carrega seu nome.

Em fevereiro de1938 o Departamento de Cultura financiou a Missão de Pesquisas Folclóricas pelo país. Mário e mais quatro pesquisadores, coletaram nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí, um rico acervo com cerca de mil objetos, entre adornos usados pelas comunidades visitadas, fotos, filmes, músicas gravadas e anotações.

Todos os dados relativos às manifestações populares registradas pela Missão foram transcritos, organizados e datilografados. Essas informações foram em parte publicadas por Oneyda Alvarenga, como nas coleções do Arquivo Folclórico da Discoteca Pública Municipal, nos Registros Sonoros de Folclore Musical Brasileiro e em duas obras de sua autoria: Música Popular Brasileira e Fondo de Cultura Econômica.

Mais tarde esse acervo num total de mais 21500 documentos, foi catalogado em banco de dados e disponibilizado ao público. Hoje armazenado em reserva técnica climatizada, acondicionado dentro dos padrões indicados pela museologia contemporânea, faz parte das coleções que se encontram sob a responsabilidade do Centro Cultural São Paulo.

Mário faleceu em sua residência em São Paulo devido a um enfarte do miocárdio, em 25 de fevereiro de 1945, quando tinha 51 anos. Dez anos mais tarde, foi publicado em 1955 Poesias completas, desde então após a morte de Getulio Vargas, começou sua consagração como um dos principais valores culturais no Brasil. Em 1960 foi dado o seu nome à Biblioteca Municipal de São Paulo.