Geisel Matou Foi Pouco

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Não interessa que Geisel, Figueiredo, Tavares e Avelino estejam diretamente envolvidos na execução de opositores políticos, eufemisticamente chamados por eles, segundo o relatório da CIA, de “subversivos perigosos”. O relatório não fará recuar um único centímetro os que defendem o “bom ditador” ou a “boa ditadura”, os “cidadãos de Bem”. Isso só faz diferença para quem não foi parasitado por ideologias autoritárias. Não é diferente de quem ignora as milhões de mortes causadas por regimes comunistas ou de quem minimiza os séculos de genocídios e perseguições religiosas perpetrados pelo cristianismo. Sempre há um bom motivo para justificar atrocidades. A dissonância cognitiva estará aí sempre para nos providenciar bons motivos para desculpar os erros dos nossos grupos: “mas Che estava lutando por um mundo mais igual”, “mas não foi socialismo de verdade”, “mas a cultura judaico-cristã formam as bases da civilização ocidental”...

Para quem só se importa com os fins, quaisquer meios os justificam. 104, 6 milhões, 50 milhões. Há sempre um inferno a se impedir, seja ele o inferno da sociedade dividida em classes, seja ele o inferno vermelho de uma ditadura do proletariado. Hoje, no Brasil, o inferno a se impedir é uma venezuelização improvável, é a paranóia recauchutada da Guerra Fria, é o medo da violência. Estamos acostumados a acusar esquerdistas de terem parado no tempo, saudosos da URSS, e nos esquecemos que tem muito lambe botas que sente saudades de um mundo perfeito que jamais existiu, em que ordem e justiça reinavam absolutos. É um fetiche erótico por fardas e submissão. 50 tons de verde couve.

Um presidente ditador implicado como mandante de execuções políticas só assusta quem tem respeito pelo regime democrático e aspirações a ideais liberais/humanistas. A todos os outros o que resta é a hipocrisia, porque, se fosse o ditador de estimação dele, estava tudo bem. Execuções políticas — bem como qualquer artifício moralmente baixo de governança — pode ser adotada desde que sirva à agenda. Aí, a ética, a moral e os bons costumes vão às favas e entra o pragmatismo irracional. Pode matar quantos “subversivos perigosos” forem necessários. “Quem são eles?” Quem eu quiser que seja! Agora mata!

Enquanto o brasileiro for parasitado por essa subserviência fetichista a uma entidade suprema maior, seja o Estado, seja a nação, seja Lula, seja Deus, não há quantidade de corpos mortos que o satisfaça.

Geisel matou foi pouco.

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