Quando começa a vida de um ser vivo?

No meu entendimento, inicia a partir do momento em que está presente a capacidade atual ou futura, do próprio ser, de cumprir suas funções específicas. Desta forma, espermatozoides e óvulos de cachorros não são ainda cachorros, visto que não se alimentam, nem podem se reproduzir, nem latir, nem mesmo poderão realizar tais atos por si próprios, como um cão faria.

De fato, tal potencialidade só surge no momento em que se juntam o óvulo e o espermatozoide, gerando um ser que possui material genético diferente, mas com certa similaridade, da dos cães (macho e fêmea) os quais geraram tal ser. Veja bem, este novo ser ainda não pode latir, nem se reproduzir, nem correr, mas possui capacidade de futuramente realizar tais atos, após o nascimento.

O mesmo com outros seres vivos, com as devidas alterações, como as plantas, as bactérias e, humanos, pois somos, também, animais.

Se assim o é, o ser humano, assim como o cão, surge a partir do momento da concepção, do incrível momento em que o material genético de dois seres diferentes se fundem num só, formando uma nova vida, que no futuro poderá cumprir suas capacidades internas... a não ser que algo externo interrompa tais capacidades.

Uma destas "interrupções", das mais graves, pois envolve o extermínio de uma vida inocente, é o aborto voluntário.

As contra-argumentações que normalmente usam contra a imoralidade do aborto são estas:

  1. "Não é vida, são apenas um monte de células";

  2. "Não há nada de errado em abortar, pois o feto não sente dor";

  3. "O corpo é da mulher, portanto cabe a ela escolher o que fazer com o seu próprio corpo".

Quanto a isto, respondo:

  1. Cabe dizer que todos nós somos um monte de células, mas um monte de células organizadas numa harmonia, a fim de cumprir determinada função.
    Por exemplo, se eu quero escrever, como estou fazendo no momento, comando meus músculos (que é um conjunto de células, também) para que movimentem os dedos e os braços e, assim, sob o comando do meu encéfalo, construo este texto.
    Que é uma vida, nada resta a dizer, pois já foi demonstrado acima.

  2. De fato, pode ser que não sinta dor, assim como pode ser que alguém esteja em coma, ou tenha a rara Síndrome de Riley-Day (não sente dor). Nem por isto é moral matar tanto quem está em coma quanto quem não sente dor.
    Um argumento mais forte, mas que também é falho, é o relativo à consciência: mesmo que um ser não demonstre consciência em ato, seria errado, de qualquer modo, eliminar tal vida se houvesse a capacidade de o mesmo vir a demonstrar ter consciência, como ocorre em casos de coma induzido e, evidentemente, com o caso de fetos, pois os mesmos, seguindo o percurso natural da vida, desenvolverão a capacidade de se expressar, por gestos ou pela voz.

  3. De fato, o corpo é da mulher... mas, primeira coisa, qual médico em sã consciência iria retirar um braço, uma perna, ou qualquer outro membro funcional do corpo da mulher? O único caso comum é a ocorrência de doenças como o câncer. Mas, por acaso é uma anomalia ter uma criança no ventre? Podemos comparar um parasita com um bebê?!?
    Ademais, se porventura fôssemos utilizar o argumento da "propriedade", podemos dizer que o pai é, também, dono de 50% do bebê, pois dele veio metade do material genético, e caberia também a decisão dele para tanto.
    Por último, como já foi mostrado acima, se trata de outro ser, visto que possui potencialidade interna de crescer e desenvolver suas funções, coisa que não acontece com um braço, nem com uma perna, sem contar que o material genético, novamente, é diferente do encontrado nos membros do corpo materno.

(Este texto foi publicado, originalmente, neste link: <https://www.facebook.com/angelo.darosaflorentino/posts/974994202673108>)

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