[ARTIGO] Um papo sobre poupar e consumir (Português)


                                       Um papo sobre poupar e consumir


Existe um mito muito difundido de que a poupança é inimiga do crescimento econômico, e que é o consumo que estimula o desenvolvimento do país. Aqueles que gostam de Keynes costumam enfatizar que políticas boas são aquelas que estimulam o consumismo e o crédito farto e barato.

Mais consumo significa mais demanda e mais demanda significa maior produção, esta é a receita para o crescimento! - Dizem os amigos de Keynes, que mantém a poupança como uma das maiores inimigas desta incrível receita.

Parece uma boa ideia, não? O problema dela é que na prática as coisas funcionam de uma maneira diferente.

Em primeiro lugar, essa visão baseia-se na ideia de que as ações individuais voluntárias não decorrem de um processo racional que se segue de uma análise das condições do mercado e da vida da pessoa, mas sim de um impulso irracional e puramente emotivo. Alguém para de gastar e começa a economizar por um motivo que não tem uma lógica definida, ela apenas seguiria um sentimento.

Ninguém está dizendo que se todas as pessoas parassem de gastar mais do que o estritamente necessário e começassem a poupar isso não teria efeitos na economia, uma vez que esse fato acarretaria em uma mudança nas demandas por certos produtos e serviços. A pergunta aqui é o que acontece a partir do momento em que tomamos a poupança como algo positivo e levamos em conta a real “função social” do poupar.

O dinheiro que é poupado gera dois tipos de efeitos. Um a curto prazo, que é o que todos nós conhecemos e o que muitos pensam ser o único que existe: Deixamos de ter certos luxos em nossa vida, deixamos de viajar, comprar um carro novo ou almoçar no nosso restaurante favorito.

Mas o que realmente interessa é o segundo efeito gerado pela poupança: O dinheiro poupado e depositado nos bancos não fica la parado, ele é revertido em crédito e investimentos que servirão de impulso para a criação e expansão de outros negócios e empreendimentos nas mais diversas áreas.

A conclusão? Sem poupança não haveria investimento, e sem investimento não existe crescimento.

Mas se todos começarem a poupar uma parte de seus rendimentos, isso não faria com que a demanda por muitos bens e serviços caísse, levando a economia a uma recessão?

A resposta está no motivo de pouparmos. Veja essa imagem:

As pessoas não poupam com a intenção de nunca gastar o dinheiro acumulado, mas sim de gastá-lo futuramente. Poupança nada mais é do que a retenção de gastos presentes para a execução de gastos futuros.

Se eu poupo hoje, posso investir amanhã de forma a produzir mais e poupar mais, e assim o ciclo se repete, fazendo com que eu tenha uma qualidade de vida cada vez melhor. Se eu consumir tudo o que produzo, sem poupar, jamais poderei reverter algum dinheiro acumulado em investimentos, pois nunca poupei.

Assim sendo, devemos ter em mente de que o consumo, seja ele presente ou futuro, é a atividade-fim de qualquer sistema econômico, todos nós trabalhamos com a finalidade de consumir alguma coisa, sejam produtos básicos como comida e moradia ou com atividades secundárias como um cinema ou uma viagem.

Depois de tudo isso, podemos visualizar que um cenário onde uma sociedade consumisse tudo o que produz seria uma sociedade anticapitalista, pois não haveria investimentos e nem progresso, todos estariam demasiadamente ocupados produzindo produtos básicos como comidas e roupas, sem tempo para se preocupar com o futuro.

Sem a poupança jamais teríamos a oportunidade de criar as ferramentas e tecnologias que nos trouxeram até aqui. O que você prefere, ter uma vida boa agora e um amanhã incerto ou se restringir de alguns luxos hoje para ter a segurança de um futuro melhor?


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