Platónico

Vi-a aproximar-se da sua janela, tornando visível a sua silhueta, seguida de uma sombra de um homem, que ao aproximar-se dela, tomou-a nos braços, e a beijou, num beijo longo e profundo.
Retirei-me dali, entregue ao meu pesar. Caminhei até amanhecer, ponderando todos os passos que tinha dado até ali, procurando todos os sinais que lhe tinha dado, todos os sinas que ela me tinha entregado de volta, todos os momentos que tinha partilhado com ela, sem chegar a uma conclusão concreta.
Deixei os meus passos tomarem um caminho desconhecido, por entre ruas e ruelas que nunca eu tinha andado, em busca da alma que tinha fugido de mim, do coração, que uma vez quebrantado, tinha-se espalhado por mil sítios, nas partes mais longínquas.
Amanheceu, e enfiei-me logo de seguida em casa. Tranquei tudo, deixei toda a casa às escuras, e entreguei-me à mais plena depressão. Não me alegra dizer, que realmente, cheguei a cortar-me, numa esperança mórbida de aliviar a dor sentimental que tinha. Mas a verdade, é que ajudou-me a ultrapassar a mágoa que eu sentia.
Após vários dias, e muitos cortes na carne, o meu telemóvel vibrou. Olhei-o inicialmente com desprezo e fúria. Contudo, quando vi de quem era a mensagem, senti novamente em mim, uma alegria momentânea. Esta, por sua vez, foi substituída por uma memória dolorosa, que me fez entregar a um choro incessante.

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