Estados Unidos. 1973. A tradicional família Murphy vive em um bairro de classe média cheio de particularidades e tem que, constantemente, aprender a lidar com os problemas do seu cotidiano (e isso inclui problemas na no trabalho, na vizinhança e na escola).
O dia-a-dia deles é mostrado através de uma lente muito divertidamente real, e faz com que essa sitcom animada tenha um diferencial em relação aos materiais com gêneros e abordagens semelhantes, principalmente por se passar na década de 70 (e obviamente se beneficiar disso nos roteiros, vestindo uma roupagem nova nessa época).
Frank é o típico "chefão" da casa, impaciente e intransigente com todos. Ele é caso com a dedicada Sue, que é profissionalmente sub julgada por ele com certa frequência. Juntos, eles tem três filhos: o adolescente problemático Kevin (que vive desafiando as ordens dos pais), o inconsistente e incompreendido Bill (que parece sofrer com sua autoestima) e endiabrada Maureen (que parece ser encapetada por natureza).
Uma boa parte dos problemas deles começam de forma interna, ou seja, dentro da própria casa. Haja vista que com personalidades tão distintas e vivendo debaixo do mesmo teto, eles tem de aprender a respeitar uns aos outros e colocar as suas diferenças de lado. Isso pode até parecer um "exercício" fácil para muitas famílias, mas não para os Murphy... Definitivamente não para eles.
Desde de desavenças com os vizinhos, a polêmicas trabalhistas e dilemas escolares... Essa família tem os seus problemas entrelaçados em situações rotineiras que aparentemente não são nada demais (e poderiam até ser facilmente resolvidas), mas que acabam se tornando verdadeiras tempestades mediante ao rumo que tudo acaba seguindo.
A série tem uma pegada bem adulta (ou seja, pode esperar por palavras de baixo calão e situações que envolvem álcool, drogas, sexo e demais temáticas +18) e se vale de toda a liberdade para tratar dos temas propostos personificando-os em roteiros inteligentes onde as piadas são cheias de acidez, bastante humor negro e referências a cultura pop moderna.
O público tem que se deixar levar pela ideia da série (que fica clara desde o seu primeiro episódio) para poder aproveitá-la da maneira correta. Definitivamente não é um tipo de animação comum (apesar de se basear em problemas da vida real) e precisa ser compreendida como tal.
Abordando os temas mais diversos de forma sempre engraçada (e algumas vezes de forma bem surreal), o humor está em todos os lados. Seja nas características dos personagens em si (que aliás, formam um ótimo conjunto com personalidades extremamente bem definidas e alguns deles dublados por nomes de peso como Laura Dern e Sam Rockwell) ou nos problemas que eles enfrentam, o tom cômico é a ferramente principal (mas nunca usado de forma nonsense ou meramente exagerada).
Criada por Bill Burr e Michael Price exclusivamente para o serviço de streaming da Netlix (produzida pela Gaumont International Television e pela Wild West Television), pode-se dizer que F is for Family (atualmente em sua quarta temporada) oferece ao telespectador uma maneira criativa e diferente de encarar os problemas diários... Priorizando as soluções mais estranhas possíveis, mas que no final, mostram e reforçam a verdadeira importância de uma família que permanece sempre unida.