O barbeiro que sabia de blockchain

Hoje foi um dia estranho pra mim.

Não que algo terrível tenha acontecido, mas acordei um pouco pra baixo e sem inspiração. Fiquei arrumando alguma coisas em casa, ajudado minha esposa com nossa filha e no final do dia resolvi sair para cortar o cabelo.

Não sou obsessivo com este lance de cortar o cabelo. Costumo procurar lugares práticos e com preço acessível. Muitas mulheres não sabem, mas grande parte dos homens têm algum tipo de código de conduta que os impede de cortar o cabelo em outro lugar senão aquele onde ele ia com o pai desde criança. Sério, eu conheço alguns assim. Não é meu caso.

Na rua em frente de casa existe ao menos uns 3 barbeiros daqueles bem clássico e que parece ter parado no tempo. Balcão de fórmica (de preferência azul calcinha), Televisão de tubo pendurada no canto no teto, ventilador de parede e um vaso com uma plantinha precisando de um pouco de atenção. Ah, e têm revista velha e jornal do dia pra ler enquanto espera.

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Também existem as novas barbearias gourmet, com barbeiros com cara de mal e tatuados, boa cerveja e o melhor estilo rockabilly para você se sentir o cara descolado enquanto paga 3x mais por esse luxo. Confesso que de vez em nunca até curto ir num lugar desse.

Trivialidades


Cortar o cabelo e andar de elevador têm muito em comum quando o assunto é o tema das conversas. Pega-se uma trivialidade do dia ou alguma coisa que está passando na TV e começa um papo onde ambas partes discutem sem se contrapor. No caso específico do barbeiro, é natural, afinal o objetivo é sair de lá com o cabelo perfeitamente cortado.

Quando cheguei havia somente o filho do dono da barbearia disponível para o corte. Um rapaz com cara de bem novo. Confesso ter ficado com um pouco de medo dele ser inexperiente mas dei uma chance.

Ao sentar-me, perguntei se não iria atrapalhar ficar fazendo anotações no celular. Ele disse que tudo bem mas ficou curioso para saber se eu era um escritor. Respondi que não, que era designer mas que gostava de escrever e que o faço em uma plataforma que me paga por isso.

A expressão dele foi de quem não entendeu nada e eu, como bom evangelista que sou não perdi a chance para dizer “- É um site que se chama Steemit. Parece uma rede social tipo o Facebook, mas o like que eu ganho lá vale dinheiro”. Dinheiro. Essa palavra faz qualquer um parar e prestar atenção em você.

Sua profissão vale mais quando compartilhada


Percebendo que tudo aquilo parecia muito estranho pra ele, resolvi fazer uma explicação breve e didática do funcionamento do Blockchain. ”- Já ouviu falar de bitcoin? Então, é quase isso só que mais moderno”

Eu estava piorando as coisas, então achei melhor explicar a coisa de outra maneira. Levantei a questão de seguir uma carreira sem sentido somente para ganhar dinheiro realmente está se tornando algo obsoleto e que devido ao avanço da tecnologia logo não teríamos emprego para todos e com isso novas formas de se gerar valor devem surgir para suprir o déficit de trabalho disponível.

Enquanto eu explicava para ele uma serie de conclusões complexas a respeito de como tudo aquilo que conhecemos como certo está indo por água abaixo da mesma forma que a internet mudou o mundo há 20 atras.

É interessante notar que mesmo que ele aprenda técnicas de marketing e melhore o visual e atendimento da barbearia do pai, no fim do dia ele estará somente investindo tempo e dinheiro em algo que o deixará mais próximo de seus concorrentes e sem a garantia de aumentar exponencialmente seus ganhos. Veja bem, é importante tudo isso, mas existem alternativas.

Um indivíduo pode gostar de marcenaria e não querer fazer móveis para vender, porém existe muito valor no tipo de conteúdo que ele pode gerar ao ensinar técnicas, dar dicas de materiais e ferramentas de trabalho.

O mesmo poderia ser aplicado ao rapaz, que durante o processo de desenvolvimento dele como barbeiro, poderia explorar de mil maneiras este processo com outras pessoas.

Decentralizando o profissional comum


O mundo muda depressa. As mudanças parecem que ocorrem de um dia para o outro mas na verdade não são tão rápidas assim, nós que não prestamos a atenção devida.

A profissão dele é provável que nunca se torne obsoleta, afinal, por mais que uma máquina venha a executar com perfeição um corte de cabelo ela jamais irá oferecer a mesma qualidade de interação social. Cortar o cabelo é um momento de pausa na vida. Você pausa o trabalho, a família, o trânsito, o celular e fica ali prestando atenção no que está sendo feito.

A verdadeira mudança é a nossa capacidade de dominar a tecnologia que já disponível para nos trazer prosperidade.

A nova moeda do mundo não é nenhuma criptomoeda É conseguir capitalizar sobre o bem mais importante que temos. A capacidade de ligar pontos e criar novas coisas e soluções. Isso nunca vai deixar de surpreender.

É a economia do conteúdo que já conhecemos gerando prosperidade direta para o usuário ao invés de criar novos magnatas das massas.

O profissional comum de hoje, pode se tornar o influenciador de amanhã.


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