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Histórias sobre G - Capítulo XII – A suspeita do aeroporto

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O meu aniversário de 30 anos se aproximava e eu nunca tinha imaginado que um número teria tanto impacto para mim. Faltavam duas semana para eu voltar para São Paulo como desempregada. Eu estava me preparando para uma algo novo, mas sem muita ideia do que iria acontecer, quando a minha irmã me ligou.
“Tem uma empresa holandesa de turismo de luxo que vai abrir uma filial no Brasil e precisa de uma jornalista,” ela disse.
“É mesmo? Me conta mais,” eu pedi, interessada.
“Eu conversei com a CEO para uma vaga de marketing, mas o salário não era exatamente o que eu queria. Eu acho que você deveria tentar a vaga de jornalista. Eu falei sobre você e ela disse que está difícil encontrar alguém com o perfil. Tem que ser alguém que já morou fora, que fale inglês, espanhol e seja descolado,” a minha irmã me disse.
“Manda o seu currículo,” ela me pediu. “Só tem um detalhe, a vaga é no Rio de Janeiro,” ela disse. “Veja só a ironia, eu que sou apaixonada pelo Rio e você é que talvez more lá.”

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“Veremos né, eu ainda nem falei com ela,” eu disse sem criar expectativas.
“Eu acho que vai dar certo, vê o que acontece,” ela desligou o telefone.
Aquela ligação me deixou animada. Agora, havia uma possibilidade de voltar ao Brasil empregada e morando em outra cidade. Eu recomeçaria num lugar novo, do jeito que eu mais gostava; cheia de desafios.
Eu enviei o currículo na manhã do dia seguinte e fui convidada para uma entrevista à tarde por Skype. Eu me arrumei toda e pedi um favor ao Gianluca.
“Giane, eu posso usar o seu quarto para a entrevista? Ele é mais bonito que o meu,” eu expliquei.
Quando a entrevista começou, a câmera da Ceo falhou e toda a produção foi em vão. O bate-papo foi produtivo, conversamos em inglês e em português. Depois, eu fui visitar a filial da empresa em Londres. Eu conversei com uma funcionária que tinha o mesmo cargo que me foi oferecido no Rio de Janeiro. Depois disso, eu recebei mais uma ligação.
“Você pode me encontrar no Heathrow para uma última entrevista? Eu vou para Paris e tenho uma conexão de três horas”, a minha futura chefe disse.
Eu fui achando a situação muito inusitada; eu estava no Aeroporto Heathrow de Londres, negociando um emprego no Rio de Janeiro com uma pessoa que estava viajando para Paris.
Eu fiz a entrevista, negociei o salário e fui contratada.
“Nos vemos em duas semanas no Rio de Janeiro.”
Ainda no saguão do aeroporto, em direção ao metrô, eu liguei para o meu irmão para contar a novidade.
“Eu serei gerente de conteúdo dessa empresa de turismo.”
“Parabéns! E você ainda vai morar no Rio!” - ele vibrou.
Ao desligar o celular, eu notei um homem andando atrás de mim.
“Você está procurando o metrô?” Ele me perguntou.
“Sim, mas eu sei onde fica. Não sabia que você falava português,” eu disse.
“O que você está fazendo no aeroporto?” Ele me perguntou.
Eu expliquei e ele me contou porque me seguia.
“Eu trabalho para a segurança do aeroporto e nós achamos você um pouco suspeita. É melhor você ir embora agora. Até logo,” ele disse.
Suspeita? Eu? Que nada, meu querido. Eu estava feliz e empregada.

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*baseado em fatos reais