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Histórias sobre G - Capítulo XI - No divã como Abner – Parte II

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Quando eu pensei que a minha vida estava evoluindo em Londres, eu perdi o meu emprego. Eu fiquei desempregada por quatro meses e durante essa fase, eu procurei por outros trabalhos, fiz alguns freelas, mas Londres estava em recessão, pelo menos para mim.
Num sábado, eu fui até Primrose Hill, um parque no norte de Londres. Eu gostava de sentar na grama, no alto do morro e observar a cidade. Naquele dia, eu cogitava voltar ao Brasil. Eu pensava o tempo todo nessa possibilidade, meus amigos me diziam que a economia estava aquecida e que era a hora certa de voltar.

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Eu fui conversar com o Abner afinal, ele sempre me aconselhava e me incentivava. Certa noite, eu o vi sozinho na sala, pesquisando isqueiros antigos no eBay e me sentei ao lado dele.
“Abner, eu estive pensando e eu acho que o melhor para mim, pelo menos por agora, ou um tempo, é voltar ao Brasil.”
“Você tem certeza? Eu posso te ajudar,” ele disse.
“Abner, você já me ajudou tanto. Eu vou fazer 30 anos, eu preciso me reestruturar financeiramente. E mesmo assim, eu ainda posso voltar.”
“É…eu entendo… Eu fico triste por você partir, todo mundo gosta muito de você.”
“Viver nessa casa foi uma das experiências mais marcantes na minha vida. Eu nunca imaginei que um lugar como esse pudesse existir. Parece até uma escola da vida. Eu aprendi a ser independente, a valorizar o meu tempo, a ser mais flexível do que eu já era, mas mais do que tudo, eu aprendi a escrever.”
“Essa casa pode ser um divisor de águas na vida das pessoas. Para você, viver aqui foi positivo e isso me deixa feliz. O conselho que eu te dou é: quando você chegar ao Brasil, não pare de escrever,” ele me pediu.
“Abner, um dia eu vou escrever sobre o que eu vivi aqui,” eu prometi a ele.
O Abner me deu um abraço e nós continuamos conversando na sala. A próxima pessoa a saber dos meus planos foi a Orsi; que chorou ao ouvir a minha decisão. Aos poucos a notícia se espalhou e em uma semana, todas as pessoas da Unit G sabiam que eu iria partir em um mês.

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No fundo eu queria ficar, mas muitas coisas não se encaixavam mais. Eu estava esgotada mentalmente.
“Marcelli, eu não acredito que você vai embora” o Gianluca reclamou.
“Giane, eu preciso encontrar o meu caminho…”

Todo dia, alguém tentava me convencer a mudar de ideia, mas era hora de fechar esse ciclo da minha vida. A experiência em morar em Londres tinha sido maravilhosa. Eu tentei criar raízes, mas a Unit G me deu asas.

*baseado em fatos reais