Antes de mais nada quero deixar bem claro que esse nem de longe é o maior problema do nosso país. Obviamente que o nosso país tem problemas mil, muito maiores do que esse aqui abordado, mas ainda assim gostaria de deixar aqui a minha opinião sobre isso.
Todos nós sabemos que o Estado brasileiro é laico, assim entendido o Estado que não promove e nem censura nenhuma crença religiosa. Estado verdadeiramente laico é aquele que é indiferente às crenças religiosas das pessoas, e não faz acepção de pessoas com relação a isso. Todos são tratados igualmente perante a lei independente da religião que professam ou deixam de professar.
Tendo feito essa introdução, o que você acha de um Estado que se diz laico mas ao mesmo tempo escreve “Deus seja louvado” na cédula de Real?
Eu particularmente acho que isso não está certo. Primeiro porque se o Estado é laico, ele deve ser indiferente com relação à crença ou não em Deus. Então dizer que “Deus seja louvado” obviamente dá a entender que o Estado não só acredita que ele exista, como acredita que seja bom que ele seja louvado pelos cidadãos. E isso é desrespeitoso não só com os ateus, mas também com os budistas, e todas as outras crenças espirituais que não necessariamente precisem acreditar em um Deus. É o Estado fazendo diferenciação entre crenças, dando a entender indiretamente que uma crença seja mais louvável que a outra.
E tem outra questão relacionada a isso, que são os politeístas. Sim, podem existir pessoas que não acreditam em um único Deus, e nem que um Deus deva ser louvado acima dos outros.
Então dentro desse raciocínio de ter um Estado totalmente e realmente laico, a cédula de Real pra ser coerente deveria em vez de ter lá escrito nela “Deus seja louvado”, deveria ter algo assim:
Só assim a frase não estaria sendo desrespeitosa nem com ateus, nem agnósticos e nem politeístas. Mas o ideal mesmo seria evitar falar desse assunto nas cédulas, simplesmente tirar a frase e deixar a espiritualidade das pessoas ao campo que ela pertence: a vida privada de cada um.
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