Do céu ao inferno

Quando criança eu era muito devota e lembro como se fosse hoje de em uma bela e radiante manhã de sol, ter desejado de todo meu coração ser uma santa.

Me decidi a seguir o exemplo de Jesus Cristo e nunca mais pecar pelo resto da vida. Foi uma promessa sincera que no entanto não durou mais que um dia.

De onde me veio este ardor por Deus em minha alma eu não me lembro com precisão. Eu folheava enciclopédias bíblicas ilustradas e escutava minhas tias rezarem o rosário e aquilo me transportava para um mundo mágico. Rezava para meu anjo da guarda e olhava sempre para o céu azul e as brancas nuvens ao longe na esperança de ver um anjo.

Mas nunca pude ver um. Eu sabia que não era santa, ao contrário, tinha certeza que meu destino certo era o inferno. Também não me lembro por que pensava isso. Talvez porque sempre que eu não dava algum doce para minha irmã quando ela me pedia ela me dizia que um dia eu morreria com a boca cheia de doces e iria para o inferno.

Em minha vívida imaginação eu era acorrentada e colocada nua em um elevador que descia para as profundezas, onde ficaria presa em uma cela, e seria torturada em horários fixos, quando era levada para a presença dos demônios.

No percurso entre o cárcere e as câmaras de tortura eu era conduzida junto com outras pessoas de várias idades, todas igualmente nuas e era quando eu encontrava com minha mãe que também estava lá, condenada ao suplício eterno junto comigo. Para mim aquele era meu destino certo sem escapatória.

Imagem feita com Bing IA

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